“A idéia de unificar a ortografia brasileira com a lusitana é bastante antiga. Desde que Sarney foi presidente que se cogita fazer isso. Em 1986, Antônio Houaiss propôs uma reforma, mas Portugal não quis fazê-la e o assunto morreu”, conta a professora de língua portuguesa Conceição Netto.
Entre outras mudanças propostas pela reforma, está o fim do trema, o fim dos acentos de algumas palavras como vôo, lêem, heróico, altera as regras do hífen e incorpora ao alfabeto as letras k, w e y .O assunto provoca um grande discussão por parte de especialistas e professores. Marcelo Bebiano, jornalista e professor de texto jornalístico, não acredita que a reforma aconteça: “Se querem fazer uma coisa séria, tem que ouvir primeiro os professores, os especialistas e as academias, e isso não está sendo feito, a sociedade desconhece o assunto. A educação é o problema maior do nosso país.”
Para a professora Conceição, a reforma vai causar um grande impacto editorial: “Vão ter de atualizar todos os textos já editorados, pois os fotolitos antigos não servirão mais. Isso custa dinheiro. Portugal afirma que haverá um tremendo prejuízo por parte das editoras. Concordo com eles.”, conta. E complementa que não há necessidade de modificação, pois as línguas tem vida própria: “As modificações são naturais e ocorrem lentamente. A ortografia, todavia, pode ser alterada "na marra". Eu deixaria tudo como está. No Brasil há uma imensa dificuldade para se aprender qualquer coisa relativa ao Português. Vamos torcer para a reforma dar certo, mas penso que esse furor de "corrigir a língua" pode ter desdobramentos, digamos, "desagradáveis", no futuro”.